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O BANDO DA MADRUGADA (por Ubiatá Meireles)
Por Administrador
Publicado em 05/04/2025 09:59 • Atualizado 05/04/2025 10:15
Entretenimento

O Bando da Madrugada

Crônica sobre os ruídos que ultrapassam as paredes e a paciência.

Por Ubiatá Meireles

 

Li uma frase há tempos que nunca me saiu da cabeça: “Vizinho que incomoda é pior que praga do Egito.” E, nesta madrugada, às 2h50 do dia 5 de abril, vi essa máxima se cumprir com toda a sua precisão.

Enquanto a cidade dorme e o silêncio deveria imperar, um espécime raro — que teima em desafiar a lógica da civilização — decide que é hora de dar início a um ritual barulhento, ruidoso, quase tribal. Age como se ainda habitasse uma caverna, em tempos em que a lei não passava de um grunhido mais forte.

E o pior: vive em apartamento.

O que fazer quando se depara com esse tipo de “hominídeo moderno”? Nada. Resta apenas o espanto e a tentativa de entender como alguém, em pleno século XXI, ainda consegue ignorar a noção básica de convivência.

Enquanto você, que não incomoda, tenta dormir, ele e seu “bando” dançam sobre a lógica, desrespeitam o relógio e zombam do bom senso.

E pensar que os homens das cavernas, ao menos, não jogavam lixo da janela, nem precisavam ser lembrados de que o espaço coletivo exige respeito.

Tenho colecionado cenas como essa. Dariam um livro. Mas me contento com esta breve crônica — talvez ela sirva de espelho, ou ao menos de desabafo.

Afinal, o que me resta senão ser o incomodado da vez? Esperar, com a dignidade dos civilizados, o bando se calar para que a madrugada volte a ser madrugada.

E quanto aos primatas urbanos... que continuem perdendo, aos poucos, a razão e a moral.

 

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