Quero falar aqui sobre um assunto que muitos brasileiros dominam: novela. E tão logo que entrou no ar a reprise de “Tieta” na Globo, mostrou que ainda há muito espectadores fiéis a esse segmento.
A novela de Agnaldo Silva, originalmente exibida em 1989, voltou a fazer sucesso entre os noveleiros de plantão. Mas, por que essas novelas atuais não atraem tanto como antes? O que essas novelas de antigamente têm, que falta às tramas inéditas que são exibidas atualmente?
Acho que a resposta pode estar na trama óbvia que se apresenta hoje nos folhetins, porque todas têm os requisitos de uma novela.
Nos últimos tempos, a Globo passou a exibir suas tramas com muita sofisticação tecnológica, o que é normal – aproximar a sua fotografia e seus roteiros do cinema e do mundo das séries. É aí que entra os noveleiros de plantão. Novela para o brasileiro é um produto culturalmente enraizado no seu cotidiano. E jogos de luz e sombra, com enquadramentos modernos não eram vistos nas novelas dos anos 80 e 90. 
No caso de Tieta, pode não ter esses requintes cinematográficos, mas a trama é bem escrita, inteligente e faz uma crítica de maneira ainda mais esperta para muitas questões em nossa sociedade. É uma adaptação do clássico “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, e conta a história de Tieta, uma mulher muito à frente do seu tempo. Uma jovem que saiu de sua pacata cidade Santana do Agreste, escorraçada pelo pai, e “apedrejada” por toda a população, pelo pecado de amar.
Se formos analisar bem, tem muito a ver com os dias atuais. Muitas mulheres, desde à época da Inquisição na Idade Média, passando pela Moderna, quando estas eram julgadas pelo tribunal eclesiástico da Igreja católica por desvio das normas de conduta e fé,
até hoje são julgadas e condenadas por atos semelhantes aos daquela época. Muitas delas carregam se não na pele ou na alma a letra escarlate. E o sucesso estrondoso nas redes sociais de Tieta mostra que o tema nunca morre.
Rebuscar algo que já era sucesso no formato original pode, ao longo prazo, ser um tiro no pé. Agora, deixar a trama original pode mostrar uma probabilidade de sucesso maior. O público, no fim, não quer sofisticação, mas, sim diversão e lembrança de rever sua novela preferida.