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MUITO AXÉ (por Welligton Miranda)
Entretenimento
Publicado em 27/02/2025

Muito Axé

 

Queria compartilhar com vocês essa história da cultura brasileira, especificamente relacionada à musicalidade baiana. Estou me referindo ao Axé Music, que este ano se comemora 40 anos desse fenômeno musical. 

Qualquer pesquisa que se faça sobre o assunto, iremos saber que esse ritmo que compões as principais músicas do Carnaval, surgiu na Bahia na década de 1980, em meio à folia da cidade de Salvador. O ritmo traz uma mistura de diversos estilos como frevo, reggae, samba e rock. 

Naquele momento, o Axè, inicialmente sem o termo “music’, teve como berço alguns bairros de Salvador. Entretanto, o ritmo só se tornou conhecido no Brasil todo, com a canção “Fricote”, do álbum “Magia”, lançado em 1985, de Luiz Caldas. E o termo “Music” só foi adicionado no ano de 1987, visando representar a universalidade do ritmo. 

“Fricote” nasce em 1985, justamente quando o país está se livrando de uma ditadura - e com todo o povo brasileiro querendo se divertir e extravasar. 

É óbvio que também houve uma certa rejeição da elite, em relação a esse gênero musical. Era visto com desdém pelas elites culturais por ser música de folião, calcada no ritmo e nas levadas loucas que arrastam multidões atrás de trios elétricos. 

Mas, aqui entre nós, a letra hoje seria inaceitável justamente pelo conteúdo racista e com certeza levantariam debates intermináveis até culminar com cancelamentos de CPFs. Como é que poderíamos cantar hoje versos como “nega do cabelo duro, que não costa de pentear...”, sem ser julgado e condenado pelos juízes de plantão nas redes sociais? Parece até que nem o próprio Luiz Caldas canta mais essa música em shows, embora sobreviva com sua importância histórica por ter iniciado um marco da cultura popular brasileira. 

Discussões à parte, o ritmo completa 40 anos, e a Bahia segue renovando seus artistas que, com suas especificidades, fomenta o cenário musical no Brasil e no mundo. Nos anos de 1990, Netinho e Daniela Mercury foram grandes nomes ligados a esse gênero.

É mais uma vez mostrando que a música tem esse poder de levar as pessoas para uma viagem no tempo e no espaço aguçando sua memória. E independente do estilo, o importante é transmitir alegria e calor aos brincantes carnavalescos e simpatizantes da música baiana. 



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