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A ARTE NA DITADURA (por Wellington Miranda)
Entretenimento
Publicado em 09/01/2025

Arte na ditadura

 

Depois de um breve recesso estamos de volta aqui, caros leitores e ouvintes da SLZ Digital, trazendo sempre uma leitura agradável para o nosso convívio. E hoje não poderia de deixar de falar do assunto do momento. O nosso cinema voltou a brilhar nas telas internacionais. 

Como é de conhecimento de todos, a atriz Fernanda Torres fez história no cinema brasileiro ao ganhar o prêmio de melhor atriz em filme de drama no Globo de Ouro 2025, premiada no último dia 5 deste mês, no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.

Para vocês terem uma ideia, este é apenas o segundo Globo de Ouro conquistado pelo cinema nacional – o primeiro foi Central do Brasil, outro filme também de Walter Salles, que ganhou na categoria de melhor filme de língua estrangeira em 1999.

O filme Ainda Estou Aqui já tinha sido premiado no ano passado como melhor roteiro no Festival de Veneza – um evento italiano que é um dos mais importantes do mundo. Mas, infelizmente, deve-se o destaque à ditadura, já que o filme é inspirado na história real da brasileira Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, que passou 40 anos procurando a verdade sobre seu marido, Rubens Paiva, interpretado pelo excelente ator Selton Mello, desaparecido durante a ditadura militar no Brasil.

O que chama a atenção é que o filme vem batendo recordes de bilheteria e fazendo sucesso tanto no Brasil quanto fora do país.  E por trás desse glamour todo, o filme trás também uma oportunidade de a sociedade brasileira discutir a ditadura por meio da arte. E o cinema tem esse papel social, uma vez que ao contar um fato histórico, nos transporta àquela época fazendo com que as pessoas conheçam e entendam um pouco esse período, já que frequentemente enfrentamos esses ataques sucessivos à democracia.  Que isso inspire em nós essa repulsa cada vez mais desse período tão desagradável e que possamos ver com mais apreço essa sensação de democracia para que possamos repelir essa ideia de autoritarismo e censura.

O próprio Selton Mello, em uma entrevista, falou que o filme traz à tona uma memória e uma parte da sociedade que ainda luta para que ela não seja lembrada. E é verdade, não podemos negar essa página triste de nossa história. Para quem não lembra ou não sabe, a ditadura militar se estendeu de 1964 a 1985. O período em que o país foi controlado por militares e que foi marcado por repressão, censura à imprensa, restrição aos direitos políticos e perseguição aos opositores do regime. 

O que eu desejo para 2025, além de muita saúde e prosperidade a todos nós, é que a arte, seja no cinema, literatura, música ou teatro, possa continuar nos chamando atenção através do entretenimento e o discurso correto. 

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