Os bons morrem jovens
Este mês marca 8 anos desde que o cantor e compositor Vander Lee se foi. Uma pessoa jovem e tão talentosa que conseguia traduzir o amor em pequenos gestos revestidos de poesia e o cotidiano das pessoas catado em prosa e versos.
Me veio à lembrança uma entrevista sua ao Jô Soares em que ele relata momentos do início de sua carreira e a dificuldade em encontrar um nome artístico. Esse mineiro, cujo nome de batismo é Vanderli Catarina, fez a plateia sorrir e se encantar ao ouvi-lo dedilhar em seu violão algumas de suas canções como “Esperando aviões” e “Onde Deus possa me ouvir”, entre outras.
O músico nos deixou no dia 5 de agosto de 2016, aos 50 anos, após um processo cirúrgico decorrente de um enfarte.
Ao logo de sua carreira, acumulou parcerias com grandes nomes da MPB. No mês que antecedeu sua morte, início de julho, ele gravou no Espaço Tom Jobim, no Rio, seu trabalho ao vivo, intitulado “Vander Lee – 20 anos”. E eu tenho esse registro gravado em CD, onde ele fez um passeio por seus grandes sucessos passando uma mensagem de amor e dando destaque na sua canção “Românticos” – segundo a letra, ameaçados de extinção. 
Conhecido por versos que brincavam com as palavras, Vander Lee cantava sua simplicidade por meio da música. Suas letras e canções retratavam também o futebol e até música para o seu primeiro carro, um Passat, ele compôs justificando um talento nato que apareceu desde cedo como ele mesmo falava em suas entrevistas. Sua obra reflete as adversidades da vida cotidiana e amorosa, e aponta para uma perspectiva de esperança utópica da urbanidade e clarividência.
Infelizmente não tive o prazer de assistir a um show pessoalmente em umas poucas vezes que ele esteve aqui na Ilha, lembro-me inclusive de um, se eu não estiver enganado, em 2010, que foi justamente no dia 9 de julho, data de meu aniversário. também não me recordo o motivo dessa falta injustificável.
Assim como muitos artistas que vão cedo, Vander Lee foi um ícone interrompido. Virou estrela e segue iluminando esses românticos ameaçados de extinção. E como disse Renato Russo, “os bons morrem cedo...”.
