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MUROS E GRADES (por Wellington Miranda)
Entretenimento
Publicado em 17/07/2024

Muros e grades

 

Estava analisando por esses dias essa política de morar em condomínio fechado, uma cultura que até pouco tempo não existia aqui na cidade. Como já moro em um, há aproximadamente 13 anos, posso falar um pouco sobre essa experiência.

Quem escolhe viver em condomínio conta com o regime de regras internas como uma forte aliada na hora de fazer cumprir ou descumprir diversas normas acordadas em assembleias nas reuniões de condôminos. Os moradores que descumprem os acordos firmados podem ser multados e, quando não são proprietários, até expulsos do local. O bom é que você não precisa se indispor com o seu vizinho já que existe o síndico para mediar alguma quizila. 

Esse é um modelo habitacional que se popularizou trazendo uma certa sensação de conforto e segurança e mais retorno financeiro para os investidores desses projetos. Se destaca por criar uma comunidade exclusiva, geralmente cercada por muros e grades, proporcionando aos moradores um ambiente protegido e controlado. Trata-se principalmente de um estilo de vida que preza pela convivência, criação de laços comunitários e estrutura que atendam as necessidades dos residentes. 

É importante considerar os pontos positivos e negativos antes de tomar essa decisão de investir nesse modelo de imóvel, já que a privacidade e outras condições que envolvem morar em condomínio fechado exigem um investimento mais alto. Áreas comuns de convivência podem incluir piscina, playground, academia, sauna e salão de eventos. É claro que toda essa tranquilidade, lazer e segurança tem um preço que vem taxado como valor do condomínio.

Porém, temos que seguir normas estabelecidas em conjunto – mesmo não concordando com elas – por visarem o bem-estar de todos. Problemas com os espaços de convivência é uma das reclamações mais frequentes além de restrições ao uso de pets de estimação. O acesso de pessoas e veículos precisa ser monitorado rigorosamente. Além disso, é importante que os funcionários da administradora que presta serviço para o condomínio, sejam pessoas treinadas e aptas para reagir de forma ágil às situações adversas que possam ocorrer.

Não podemos esquecer que as regras de convivência, acordadas entre seus moradores, boa parte tem respaldo no Código Civil, justamente para evitar algum abuso ou qualquer coisa do tipo. E é sabido que o ser humano já é por si só muito complexo, cada um tem seu jeito de reagir a determinadas situações, por isso as regras devem ser ratificadas e regimentadas. Aqui, por exemplo, no meu condomínio, o síndico resolveu abrir um grupo de watt zap, mas uma semana depois restringiu o uso de mandar mensagem apto somente para o administrador, por conta de desavenças que não levavam a lugar algum.

Pacificar as relações humanas exige comprometimento e aplicação de técnicas de mediação. Cabe ao síndico, enquanto agente pacificador, buscar, por meio do diálogo, mediar conflitos entre vizinhos antes que a judicialização seja o caminho. Conviver com regras não é fácil e exige de todos uma dose de paciência. A corda não deve ser esticada, mas, harmonizada ao sabor do bem-estar coletivo.

Somos responsáveis pela construção de uma sociedade melhor e não somos donos da verdade. Temos que ter participação ativa nas decisões e proposições já que nos propomos garantir segurança e sossego, e parodiando a música dos Engenheiros do Havaí, Muros e Grades, “os muros e as grades nos protegem de quase tudo, mas o quase tudo quase sempre é quase nada”, ou seja, nunca estamos satisfeitos. 

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