Oppenheimer: O Prometeu Americano
Assisti recentemente a um filme que estreou com bastante polêmica nos cinemas do mundo inteiro. É um filme histórico de três horas de duração do cineasta Christopher Nolan, que retrata a tragédia do cientista que se revela tão instável e fissurado quanto o núcleo dos átomos bombardeados por sua invenção.
J. Robert Oppenheimer, nas instalações militares em uma cidade construída no deserto do Novo México, patrocinado pelo governo americano, desenvolve um artefato que ficaria pra sempre na história da humanidade – as duas ogivas que arrasaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, pondo fim à II Guerra Mundial.
Em tela, observamos um delírio macabro com esse feito. Pessoas ovacionando algo que iria atormentar o seu criador dali até o fim de sua vida.
A interpretação do ator irlandês Cillian Murphy estampa de forma magnífica um personagem real capaz de sintetizar os dilemas que o domínio de uma tecnologia tão poderosa trouxe para a ciência ao desvendar o maravilhoso mundo das partículas atômicas, que então começava a ser revelado pelas teorias de Einstein.
Achei cansativo, mas é apenas minha opinião, e acho que poderia ser sintetizado em no máximo duas horas, porque um tempo longo assim não é pra todo mundo. Eu me baseio naquilo que me emociona e que, não necessariamente, teria o mesmo efeito em você.
Mas, não deixa de ser uma obra-prima da sétima arte. O título do filme toma emprestado o sobrenome do físico, e é baseado no livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin.
Ao longo da trama, se destaca alguns eventos históricos com uma narrativa com acontecimentos verídicos que se alinham com a jornada desse cientista em um dos momentos mais conturbado da humanidade. E reproduzir filmes de épocas antigas nunca é fácil, sobretudo porque as cenas exigem uma atenção especial e cuidadosa para figurinos e cenários.
E o início do filme exige muita atenção. Muitas linhas do tempo em cortes de cenas rápidas, muitos nomes novos apresentados e muitas situações apresentadas fora de ordem. Talvez esteja aí a minha insatisfação quando me refiro ao termo “cansativo”.
Ele é considerado o “Pai” da primeira bomba atômica. E nos tempos de tensão crescente entre americanos e soviéticos que se seguiram após a Segunda Guerra, com a chamada Guerra Fria, havia milhares de bombas nucleares suficientes para dizimar o planeta. Com o fim da Guerra Fria, os países concordaram em diminuir a quantidade de bombas, mas ninguém sabe ao certo quantas ainda existem hoje.
Diz a lenda que quando os deuses criaram o céu e a terra, o gigante Prometeu (descendente dos Titãs) chegou à terra, roubou o fogo dos deuses e deu aos homens. Oppenheimer simplesmente o usou para destruí-los.