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A PALAVRA BEM USADA (por Wellington Miranda)
Entretenimento
Publicado em 20/10/2023

A palavra bem usada

 

Adquirir conhecimento está muito acessível nos tempos de hoje. Além de uma tecnologia avançada onde tudo está a um clic na nossa vista, basta ter curiosidade, ainda temos a possibilidade de presenciar in loco as estantes de livros distribuídos nas feiras literárias, que graças a Deus, ainda sobrevivem.

Ler pode ser uma forma de entretenimento e os benefícios dessa leitura não atuam no nosso cérebro apenas no presente. Estudos mostram que ler pode ser uma forma de proteger a mente contra o surgimento de diversas doenças ligadas ao sistema nervoso – porque quando lemos um livro melhoramos o funcionamento cerebral e de brinde, adquirimos conhecimento. A leitura, por envolver imaginação, mentalização, antecipação e aprendizagem, funciona como um exercício para o cérebro humano. Isso mesmo, apesar de não ser um músculo, o nosso cérebro precisa ser estimulado. São os pesquisadores que falam isso.

Mas como ter acesso a esse remédio com facilidade? Como encontrar estímulo numa época de redes sociais e esse bombardeio de cookies?

As feiras literárias são realizadas com esse objetivo: incentivar o hábito da leitura aproximando a sociedade ao mundo dos livros. Quem vai a um evento desse também tem acesso a diversas atividades como, por exemplo, oficinas, contação de histórias, sessão de autógrafos, apresentações musicais, bate-papos e, claro, as tradicionais bancas de vendas de livros com suas prateleiras e estandes de editoras. E são eventos essenciais para a formação cultural de um povo, mudando a economia do livro, causando impacto direto na rotina dos autores. No plano mais cotidiano da literatura, feiras se tornam objeto de discussão nos bate-papos organizados entre autores e leitores. Qualquer pessoa pode encontrar um bom livro e crescer individualmente e intelectualmente.

Em um país que ainda se lê pouco, esse tipo de evento tem o poder de incentivar e apresentar o livro ao seu leitor. E dizem que um país para ser desenvolvido, além da economia, tem que ter um mercado de livros fortalecido. Na Europa é assim, Estados Unidos e Japão também. O livro é aquele objeto que faz a sociedade refletir sobre seus próprios problemas sociais. Supõe que a literatura transmite conhecimentos e age sobre a conduta de quem a recebe.

Não lembro onde li essa frase “os sentimentos mais profundos podem render histórias”. Sim, o que sentimos, independentemente do momento, são roteiros já prontos dentro de nossas mentes e que algumas pessoas mais atentas, colocam no papel, ou na tela de um computador ou celular, como queiram.

As feiras literárias estão por aí espalhadas nos grandes centros urbanos e geralmente ficam semanas instaladas para que o cidadão possa pelo menos tirar um dia de sua zona de conforto, e vá presenciar a beleza de entretenimento cultural espalhado pelos corredores com aquela atmosfera que só o cheiro de papel impresso pode nos proporcionar. Dificilmente deixo de visitar esse momento, e irei na 16ª Feira do Livro de São Luís, instalada na praça da professora e eterna defensora das bandeiras libertárias Maria Aragão, e que essa edição celebra o Bicentenário de Gonçalves Dias.

Encerrarei por aqui citando o já falecido escritor uruguaio Eduardo Galeano, que escreveu que “a arte deveria ser considerada matéria de primeira necessidade e não artigo de luxo”. E essa oportunidade que as feiras de livros nos proporcionam cria essa senha de aproximação nos dando vozes e um conhecimento mais amplo. “A palavra pode ser bem ou mal usada: a culpa do crime nunca é da faca”, também Eduardo Galeano. 

 

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